Você já parou para pensar que aquilo que colocamos no prato pode afetar não só o corpo, mas também a forma como pensamos, sentimos e até lidamos com o dia a dia?
Hoje sabemos que a alimentação pode reduzir ou aumentar processos inflamatórios no organismo. Esse efeito vai muito além do peso ou do metabolismo: ele chega até o cérebro e a saúde mental.
O impacto da alimentação no corpo e na mente
Não é sobre um alimento isolado, mas sobre o padrão de consumo ao longo do tempo.
Um padrão alimentar com excesso de ultraprocessados, açúcares refinados e frituras, e baixa presença de fibras, está associado a maior risco de depressão, ansiedade e outros transtornos do humor.
Pesquisas recentes confirmam: quanto mais inflamatório é o padrão alimentar, maior o risco de desenvolver esses sintomas.
Microbiota intestinal: o elo entre alimentação e emoções
Grande parte desse impacto acontece porque a alimentação tem o poder de remodelar a microbiota intestinal, o conjunto de trilhões de micro-organismos que vivem no nosso intestino.
- Quando predominam alimentos frescos e ricos em fibras, favorecemos bactérias que produzem substâncias protetoras.
- Quando predominam ultraprocessados e açúcares, crescem espécies que estimulam inflamação.
- Esse desequilíbrio, chamado disbiose, reduz a produção de compostos importantes (como os SCFAs) e favorece a liberação de toxinas (como o LPS), que passam para a circulação e ampliam a inflamação no corpo e no cérebro.
O intestino como “segundo cérebro”
Nosso intestino não é chamado de “segundo cérebro” à toa. Ele participa da produção e regulação de neurotransmissores que afetam diretamente as emoções:
- Serotonina (bem-estar): cerca de 90–95% está ligada ao intestino.
- GABA (calma): regulado por bactérias como Lactobacillus.
- Dopamina e Noradrenalina (motivação, prazer, foco): também influenciadas pela microbiota.
Quando a microbiota está em desequilíbrio, a produção desses neurotransmissores fica prejudicada, aumentando a vulnerabilidade a sintomas ansiosos e depressivos.
Psychobiotics: uma nova fronteira na saúde mental
Nos últimos anos, surgiram os psychobiotics — probióticos e prebióticos estudados especificamente para a saúde mental.
Ensaios clínicos já mostram benefícios em sintomas de depressão, ansiedade e transtornos do humor. Ainda é cedo para falar em soluções definitivas, mas a mensagem é clara: cuidar da microbiota é também cuidar da mente.
Como proteger sua saúde mental com a alimentação
Alimentação, microbiota e saúde mental estão conectados. Um padrão alimentar rico em fibras, frutas, verduras, legumes, gorduras boas e compostos naturais, consumidos com regularidade, ajuda a proteger não só o corpo, mas também o equilíbrio emocional.
Lembre-se: o cérebro sente aquilo que o intestino vive. Cultivar um padrão alimentar menos inflamatório é um gesto simples, mas poderoso, de cuidado com você mesmo.
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FONTES:
https://www.frontiersin.org/journals/nutrition/articles/10.3389/fnut.2021.662357/full
DOI: 10.3390/nu15173704
• DOI: 10.3390/ijms231911245
• DOI: 10.3389/fpsyt.2023.1074736
• DOI: 10.3389/fnut.2023.1173660
• DOI: 10.3390/nu16071054
• DOI: 10.3390/metabo14100549
• DOI: 10.3390/nu15061496
• DOI: 10.1097/MD.0000000000036584
• DOI: 10.1002/ctm2.471