Nas últimas décadas, poucas estratégias no tratamento da obesidade causaram tanto impacto quanto as canetas emagrecedoras, medicamentos análogos de GLP-1, como a semaglutida e a tirzepatida.
Criadas inicialmente para o tratamento do diabetes tipo 2, essas medicações foram adaptadas e hoje fazem parte do arsenal terapêutico contra a obesidade.
Os resultados impressionam: enquanto antes as opções de tratamento tinham efeitos limitados, hoje falamos de perdas de até 15% do peso corporal com a semaglutida e até 22% com a tirzepatida, segundo estudos publicados no New England Journal of Medicine. Resultados que, até pouco tempo, só eram vistos com cirurgia bariátrica.
Mas junto com essa revolução, surgem também reflexões importantes: clínicas, éticas e sociais, fundamentais para quem busca saúde de forma responsável.
As Canetas Emagrecedoras Ajudam, Mas Não Fazem Tudo Sozinhas
A ciência é clara: o avanço terapêutico é inegável. Mas acreditar que uma medicação, sozinha, pode resolver um problema tão complexo quanto a obesidade é uma armadilha.
Estudos mostram que uma parte significativa do peso perdido com essas medicações não é apenas gordura. Segundo uma revisão publicada na *The Lancet Diabetes & Endocrinology, entre *25% e 39% da perda de peso pode ser de massa magra — incluindo músculo.
E essa não é uma perda irrelevante. O músculo é um órgão endócrino, imunológico e metabólico. Perder massa muscular significa perder força, vitalidade e até comprometer o metabolismo, a imunidade e a saúde óssea.
Além disso, a interrupção do uso das canetas pode levar à recuperação do peso perdido, especialmente se não houver mudanças reais no comportamento alimentar, no movimento corporal e no autocuidado diário.
A partir de *23 de junho, a venda dessas medicações passará a exigir **receita médica obrigatória, reforçando o alerta: *essas não são soluções estéticas ou cosméticas, mas sim terapias que exigem responsabilidade.
Nutrição e Canetas Emagrecedoras: Uma Parceria Fundamental para a Saúde
Durante o uso das canetas emagrecedoras, o apetite diminui — e é justamente nesse momento que o acompanhamento nutricional se torna ainda mais essencial.
É com a nutrição que cuidamos de:
- Proteger a massa muscular**
- Garantir o aporte adequado de proteínas, fibras, micronutrientes e energia**
- Cuidar da saúde intestinal**, muitas vezes impactada nesse processo
- Minimizar efeitos colaterais** como constipação, náuseas e queda de energia
- Preservar a força e a vitalidade durante todo o processo de perda de peso**
Mais do que isso, a nutrição ajuda o paciente a construir uma relação prática e saudável com a comida, ajustando o repertório alimentar, trabalhando saciedade, fome e autocuidado de forma individualizada.
Porque quem já viveu ciclos de dietas, tentativas e frustrações sabe: emagrecer não é só perder peso. É um processo de reconstrução da saúde.
A Sustentação do Cuidado Vai Muito Além da Caneta
As canetas emagrecedoras são ferramentas incríveis — mas não são soluções mágicas.
A sustentação do cuidado passa por um olhar interdisciplinar:
- Nutrição**, para preservar a saúde metabólica e nutricional;
- Atividade física**, com foco em força, massa muscular e vitalidade;
- Psicologia e práticas integrativas**, para olhar os aspectos emocionais, comportamentais e os gatilhos que moldam a relação com o corpo e com a comida.
Em resumo:
A prescrição é médica.
O manejo é nutricional.
E a sustentação… sempre será interdisciplinar, humana e acolhedora.
Fontes científicas:
– A systematic review of the effect of semaglutide on lean mass: insights from clinical trials.
– Once-Weekly Semaglutide in Adults with Overweight or Obesity.
– Tirzepatide Once Weekly for the Treatment of Obesity – New England Journal of Medicine (2022).
– Clinical effectiveness of semaglutide on weight loss, body composition, and muscle strength in Chinese adults.
– Muscle matters: the effects of medically induced weight loss on skeletal muscle – Carla M. Prado et al.
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